domingo, 19 de novembro de 2006

1. Epílogo - Ausência da poesia


Era um dia como os outros, porém nada saía no papel. Nada mesmo, nem um rascunho, nem uns rabiscos. Letras, nada. Nem versos. A angústia predominando no recinto abafado. Músicas repetidas, pra confundir a cabeça e uns ruídos estranhos do outro lado da janela.

Era um desses dias cinza, em que as cores ficam encroadas em si mesmas e desistem de sair. Até o céu parece menos cintilante. E o sol parece se envergonhar de sair com todo esse brilho. Por conta disso, as pessoas também ficam mais distantes e se qpresam com seus cotidianos sem tempo pra observar as coisas simples e importantes da vida. Os detalhes parecem ainda menos evidentes e os sons parecem abafados ruídos. É neste cenário que se localizam todos os personagens desta narrativa. Numa não- localização histórico geográfica. Num dia qualquer de uma cidade em que não há tempo de cumprimentar o vizinho, porque o tempo nem é efêmero, chega a ser líquido (ou talvez até volátil). 

Diante de toda essa loucura vespertina, de repente começou a observar uma moça de olhos claros que se encontrava em cima do prédio vizinho. Embora do outro lado da rua, dava pra sentir o pulsar de seu coração descompassado e antever o teremor de seus olhos diante do prelúdio. 

Obviamente não dava pra ver que ela tinha olhos claros, mas Eugênia sabia. Tratava-se de Helga Herbelein, a vizinha estranha ( na verdade, inquilina), que se mudara pro prédio da frente há algumas semanas.estranha, misteriosa e de poucas palavras. A certa altura, parecia que suas sardas denunciavam, cada uma delas, um evento interiormente vivido. 

 Helga tinha o estranho hábito de subir no terraço e ficar na ponta dos pés, como se testasse a gravidade. Muitas vezes achei estranho aquele hábito, mas... Hoje parecia exagerado. A gravidade parecia atrair os pés de Helga até que...

Meu Deus, ela está despencando!!!

Eugênia não acreditava na cena, que ao mesmo tempo que parecia passar diante de seus olhos em slow motion, era de uma rapidez inevitável e frustrante. Não havia nada o que fazer por aqueles olhos assustados de pavor que pôde ver antes vidrificados e depois estralados no chão. 

A queda foi traumática, estilhaços do corpo se espalharam pelo quarteirão inteiro. Dali, da janela, só era possível saber da queda, do poder da gravidade, na imprevibilidade da vida e da inevitabilidade das coisas que nos acontecem diante dos olhos.  Não deu nem pra ver se alguém a empurrou, se ela havia escorregado, se foi suicídio....nada. Apenas cacos, agora, de Helga em cada milímetro de calçada. Cacos e um sangue talhado. 

Eugênia nesse instante era tomada pelo sentimento de impotência misturado com a culpa de não ter feito nada. Sentir-se única e solitária, vendo a cena torpe lhe esvaindo pelos dedos, mudando sua vida para sempre, da condição de figurante a espectadora. E de espectadora a protagonista, como se seguiria adiante. 

Os vizinhos começavam a se estapear, bisbilhotando o cenário. Eugênia, diante de tantos sentimentos turbulentos e confusos,  deixou-se cair na poltrona do sofá, apenas. Não conseguiu mover milímetro algum de si mesma pra conferir se a barbárie que se apresentava aos olhos era verdade ou ilusão de ótica.  Lágrimas. Autopiedade, uma sensação de injustiça e infelicidade, porque a inspiração agora lhe atacava violentamente. Sim, havia muito o que escrever, mesmo que fossem fatos surreais, e histórias trágicas. E escrever sobre o que há e não sobre o que se pensa pode ser muito doloroso. Apesar disso, escrever era um fato que lhe saltava pelas veias e se qpossava se seus dedos, quase como pensamentos psicográficos. Talvez escrever fosse a única coisa que lhe restava, diante de tudo o que é efêmero e também sobre o que é perene. 

Dias depois e a não pacata  cidade passa a ser palco das elucidações acerca da pobre Helga. Um bilhete caído no chão do apartamento, pés de homem cravados no tapete da sala, cartas misteriosas chegando na casa de Eugênia, pedindo que tomasse cuidado, porque aquilo não era caso dela. Estranhos acontecimentos passam a povoar a cabeça de Eugênia , atormentando suas idéias. Fatos ora surreais, ora imaginários, ora dignos de análise policial ajudarão a desvendar os motivos que levaram Helga Herbelein, a estranha moça, a cair do prédio de 18 andares naquela tarde de novembro.

sábado, 18 de novembro de 2006

Em Construção

Por gentileza, aguardem!!
estamos ainda em construção para melhor trazer a vcs esta história interessantíssima!

Abraços a quem é de abraço e beijos a quem é de beijo!